Justiça criminal recebe
delação de funcionária de construtora acusada de fraude na construção de
escolas
Vanessa
Domingues citou políticos com prerrogativa de foro, mas nomes foram borrados
pela PGR. Delação foi homologada pelo STF.
O Supremo
Tribunal Federal (STF) enviou à 9ª Vara Criminal de Curitiba os documentos
referentes à delação de Vanessa Domingues, ex-secretária da Construtora Valor.
A empresa foi alvo da Operação Quadro Negro, deflagrada em 2016, para apurar
supostos desvios de dinheiro na construção de escolas estaduais no Paraná.
Segundo as investigações, a fraude passa de R$ 20 milhões. O
acordo de Vanessa foi fechado junto à Procuradoria-Geral da República (PGR),
por citar nomes de políticos que possuem prerrogativa de foro. A delação dela
foi homologada pelo ministro Luiz Fux.
Com a delação,
Vanessa recebeu alguns benefícios da Justiça. Ela não poderá ser presa
preventivamente por fatos criminosos realizados antes da homologação do acordo.
Caso seja condenada, a pena não pode passar de quatro anos de prisão e deve ser
cumprida, inicialmente, em regime aberto.
Na delação, a
ex-secretária se comprometeu a contar tudo o que sabia sobre crimes que tenham
sido praticados contra a administração pública, entre eles, peculato, lavagem
de dinheiro e organização criminosa. Além dos depoimentos, ela teve que
apresentar provas da existência desses crimes.
A RPC teve
acesso a um dos depoimentos encaminhados à Justiça, em Curitiba. A 9ª Vara
Criminal de Curitiba é responsável pelos processos que não envolvem pessoas com
foro privilegiado.
No documento, os
nomes das pessoas citadas por Vanessa foram borrados pela PGR e não é possível
saber de quem se trata.
A ex-secretária
mostrou provas de cinco depósitos bancários realizados entre 2014 e 2015.
Somados, eles passam de R$ 200 mil. O dinheiro, segundo Vanessa, foi usado para
comprar dólares em espécie, que foram levados a Moçambique, na África. Em 2015, logo depois que o
esquema foi descoberto, Vanessa já tinha falado ao Ministério Público do Paraná
(MP-PR) sobre saques suspeitos, realizados pelo dono da empresa, Eduardo Lopes
de Souza, para o pagamento de propina. O depoimento da época foi gravado em
vídeo. "Ele
mandou alguns valores para mim em conta, porque não tinha talonário de cheque ainda.
Aí, eu ia no banco, no mesmo dia, e sacava esse valor e dava para ele. Todos
esses valores, é tudo do poder público", afirmou à época.A Justiça do Paraná precisava
dessas informações para dar andamento aos processo, que estava parado há oito
meses. Agora, o caso segue para a fase de alegações finais, quando a
defesa e a acusação vão apresentar as razões pelas quais os réus devem ser
condenados ou absolvidos.
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